A salvação no Antigo Testamento











Alguns cristãos se sentem embaraçados quando lhes perguntam como eram salvas as pessoas no período do Antigo Testamento. Há alguns crentes que pensam que as grandes figuras do Antigo Testamento eram salvas simplesmente por serem de origem judaica. Este ponto de vista se baseia no entendimento de que as promessas de Deus a Israel foram dadas de forma coletiva; isto é, incluindo a todos e cada um dos descendentes de Abraão.
.
Encontram a base bíblica para essa afirmação em passagens como João 4.22, onde se lê que Jesus diz à samaritana que a salvação vem dos judeus. De fato esse ponto de vista era compartilhado pela maioria dos judeus nos tempos do apóstolo Paulo, como está evidenciado pelo tratamento que ele faz deste tema em Romanos 9. Também é compartilhado por muitos judeus contemporâneos e por um número considerável de cristãos. Porém todos os judeus são salvos? Ou melhor, todos os judeus haviam sido salvos antes da vinda de Cristo?
.
Um outro ponto de vista não menos contraditório do que o anterior é o que afirma que as pessoas no período do Antigo Testamento eram salvas pela fidelidade a lei. O problema deste ponto de vista é explicar como pessoas como Abraão, Adão e Eva ou muitos outros que viveram antes da entrega da lei, foram salvos. O que deve estar claro aqui, é que dificilmente alguém seria salvo pela obediência a lei, uma vez que a lei exigia do homem aquilo que ele não poderia dar. Na realidade, a própria lei condenava os homens (leia Rm 7.7- 25).
.
Por último, alguns afirmam que as figuras do Antigo Testamento foram salvas por cumprir os sacramentos; isto é, por cumprir com os sacrifícios e outros ritos específicos do código levítico. Como a salvação consistia no significado dos sacrifícios, este ponto de vista está mais próximo da verdade, se bem que não está de todo completo: porque a salvação não provinha dos sacrifícios, como tampouco provém do batismo ou da ceia do Senhor.
.
A resposta aos que nos perguntam sobre a salvação das pessoas no período do Antigo Testamento deveria ser que tais pessoas eram salvas do mesmo modo que alguém pode ser salvo hoje. As pessoas que viviam antes da vinda de Jesus, eram salvas pela graça mediante a fé em um redentor que havia de vir, do mesmo modo que atualmente uma pessoa é salva pela graça mediante a fé em um redentor que já veio.


por Adriano Carvalho
editor de Teologia do INPR Brasil



Leia Mais

A Heresia de Colossos









Ao lermos a epístola de Paulo aos Colossenses, em um dado momento, somos sugeridos por esta leitura a pensar que o comportamento dos crentes ali em Colossos, era o de buscar um tipo de satisfação além daquela encontrada na pessoa de Cristo. Obviamente tal comportamento é reputado como uma atitude herética. Essa heresia em Colossos deve ser analisada à luz das pistas deixadas por Paulo na epístola. Alguns eruditos preferem falar em “tendências” em vez de “heresias”. Eles sugerem que os recém convertidos estavam debaixo de uma pressão externa a conformarem-se às crenças e práticas de seus vizinhos judeus e pagãos. Porém à luz de Colossenses 2.8-23, com suas referências à “plenitude”, e às instruções específicas acerca da autodisciplina (“não toques!”, etc. Verso 21), as regras sobre alimentos e dias sagrados, frases não comuns que parecem ser palavras chaves dos oponentes de Paulo, e a forte ênfase sobre o que Cristo havia conquistado através de sua morte e ressurreição, parece apropriado falar de uma “heresia” que começava a penetrar na congregação.

.

O tal ensino foi estabelecido como “filosofia” (Colossenses 2.8), baseado sobre a “tradição” (uma expressão que denota sua antiguidade, dignidade e caráter revelador) que pretendia repartir conhecimento verdadeiro (Colossenses 2.18,23). Paulo parece estar citando os ditos de seus oponentes em seu ataque contra seus ensinamentos: Colossenses 2.9, “toda a plenitude” comprazendo-se em fingir “humildade e culto aos anjos”; Colossenses 2.21, “não toques”; e Colossenses 2.23, reputação de “ser sábios em uma certa religiosidade, humildade e duro tratamento do corpo”. A observância a estes tabus e essa “filosofia” se relacionava com a obediência aos “princípios elementares do mundo”(Colossenses 2.20).Como podemos compreender estas características não comuns?

.

Os eruditos não concordam completamente acerca da natureza deste ensino. Basicamente a heresia tinha uma influência judaica, já que incluía regras alimentares, o guardar o sábado e outras regras do calendário judeu. A circuncisão é mencionada em (Colossenses 2.11), porém não aparecem como um requerimento legal. Então que classe de judaísmo é esse? Parece que não fora a classe do judaísmo estrito e duro contra o qual as igrejas da Galácia foram advertidas, mas sim um tipo em que figuravam o misticismo e autodisciplina onde os anjos, principados e potestades tinham um papel na criação e na entrega da lei. Eles eram considerados intermediadores na comunicação entre Deus e a humanidade, e, portanto deviam ser aplacados por guardar certas observâncias legais restritas.

.

Se tem feito um número importante de sugestões a respeito da natureza da “filosofia” Colossenses. Algumas incluem a de uma seita de mistérios pagãos. Uma combinação de elementos pagãos e uma forma gnóstica do judaísmo. Alguns estudiosos recentes consideram que o falso ensino em Colossos estava conectado com formas místicas e ascéticas de piedade judaica (como aquelas, por exemplo, que se encontrava em Qumram). Esta piedade era para uma elite espiritual instada a progredir em sabedoria e em conhecimento e assim alcançar à verdadeira “plenitude”. “Humildade” (Colossenses 2.18,23) foi um termo usado pelos oponentes para denotar práticas de autonegação que abririam aos crentes as visões dos mistérios celestiais e as experiências místicas. Assim os “maduros” podiam lograr entrar nos céus e unir-se à “adoração angélica de Deus” como parte de uma experiência presente (Colossenses 2.18). De forma similar hoje em dia homens e mulheres crêem que se ordenarem suas vidas por uma série de regras e normas, poderão alcançar a complacência divina. Estas regras e ordenanças podem aparecer em diferentes áreas da vida: nas esferas morais, sociais, políticas e religiosas. Uma sensação de gozo e realização é sentida por aqueles que guardam tais regras, enquanto que vergonha e fracasso são sentidos se não se conseguem alcançarem as normas requeridas.

.

Porém .tal esforço é egocêntrico, focado sobre o mérito humano. Mesmo os crentes podem cair em um legalismo semelhante, pensando que seria correto “pagar” a Deus, ainda que seja de uma maneira limitada, pela bênção da salvação. Por outro lado, alguns podem pensar que é necessário seguir as regras de índoles religiosas, com o fim de crescer como cristãos e converter-se em santos. Porém todo esse esforço diminui o valor da obra salvadora de Cristo na cruz. O erro é similar daqueles falsos mestres de Colossos.



por Adriano Carvalho
editor de Teologia do INPR Brasil







Ler Mais

Dons espirituais










A expressão “dons espirituais” representa a tradução comum, em português, do substantivo grego que aparece no neutro plural, CHARISMATA, formado de CHARIZESTHAI (mostrar favor, dar gratuitamente), e que é relacionado ao substantivo CHARIS (graça). Os CHARISMATA, por conseguinte, podem ser chamados com exatidão de “dons graciosos”. A forma singular é encontrada em Rm 1.11; 5.15-16; 6.23; 1 Co 1.7; 7.7; 2 Co 1.11; 1 Tm 4.14; 2Tm 1.6; 1 Pe 4.10; e a forma plural é encontrada em Rm 11.29; 12.6; 1Co 12.4,9. A forma plural é empregada principalmente em sentido técnico a fim de denotar os dons extraordinários do Espírito Santo proporcionados ao crente tendo em vista algum serviço especial, ainda que em algumas poucas instâncias a forma singular seja usada em sentido distributivo ou semi-coletivo e com significação técnica semelhante (cf. 1 Tm 4.14; 2 Tm 1.6; 1 Pe 4.10).

.

A difusão geral dos dons do Espírito Santo, assinalando a nova dispensação, foi predita pelo profeta Joel (2.28) e confirmada pelas promessas de Cristo a seus discípulos (Mc 16.17; Jo14.12; At 1.8). No dia de Pentecoste essas promessas foram cumpridas (At 2). Posteriormente numerosos dons são mencionados por Lucas ( Atos 3.6; 5.12-16; 8.13,18; 9.33-41; 10.45) por Pedro ( 1Pe 4.10), e por Paulo (Rm 12.6-8; 1 Co 12-14), o qual também os descreve como “coisas espirituais” (em grego, pneumatika, 1 Co 12.1; 14.1) e “espíritos”, isto é, diferentes manifestações do Espírito ( em grego pneumata, 1 Co 14.12). Os dons são distribuídos pelo Espírito Santo segundo a sua vontade soberana (1 Co 12.11), e um crente individual pode receber um ou mais desses dons (1 Co 12.8 e Seg.; 14.5,13). O propósito desses dons carismáticos é primariamente a edificação da igreja inteira(1 Co 12.4-7; 14.12) e em segundo lugar, a convicção e conversão de incrédulos ( 1 Co 14.21-25; cf At 2.12).

.

Aqui é preciso colocar um problema que tem divido a igreja nos últimos 100 anos. Qual seja, se os dons espirituais eram dádivas temporárias, ou são dádivas para todo o tempo da igreja. Duas tendências se revelam aqui, os CONTINUÍSTAS (que afirmam a continuação dos dons) e os CESSACIONISTAS (que afirmam que os dons foram dádivas que foram dadas exclusivamente a igreja apostólica, isto é a igreja do 1º século. E depois desse tempo os dons cessaram). Os CONTINUÍSTAS (são em sua maioria pentecostais), já os CESSACIONISTAS (são em sua maioria Reformados. Mas muitos reformados se declaram CONTINUÍSTAS).

.

Vejamos agora o ponto de vista dessas duas tendências

.

Os Continuístas que afirmam a atualidade dos dons espirituais. Baseiam suas afirmações nos eventos históricos acontecidos a menos de um século, ou seja, os grandes avivamentos. Afirmam ainda, que a ausência dos dons espirituais depois do Primeiro século da igreja, se deu pela apostasia da igreja. E que agora nos últimos anos Deus tem “visitado” sua igreja tornando-a vigorosa pela presença dos dons espirituais.

.

Os Cessacionistas, por sua vez, não concordam com essa opinião. Eles afirmam que os dons espirituais foram dados para fundação da igreja e cessaram durante o quarto século da nossa era, quando a igreja se tornou vigorosa o bastante para prosseguir sem sua assistência. Warfield mantinha o ponto de vista que os Charismata foram dados para autenticar os apóstolos como mensageiros de Deus, e que um sinal de um apóstolo era a possessão desses dons e o poder de conferi-los a outros crentes. Os dons gradualmente cessaram com a morte daqueles sobre quem os apóstolos os haviam conferido.

.

W.H. Griffith Thomas via os Charismata como um testemunho para Israel acerca do caráter messiânico de Jesus, que se tornaram inoperantes depois do fim da história relatada no livro de Atos, quando Israel rejeitou o evangelho.

.

Alguns teólogos sustentam que é possível reconciliar esses pontos de vista distinguindo-se entre aquelas manifestações sobrenaturais descritas como “sinais” “semeia” que acompanharam a nossa dispensação e estavam intimamente associados com o círculo apostólico e a evangelização dos judeus e dos samaritanos (Mc 16.17; At 2.19; 4.16,22,30; 5.12; 6.8; 8.6-13; 14.3; Rm 15.19; 2Co 12.12; Hb 2.3) e aqueles dons que permanecerão até que venha “o que é perfeito”(1 Co 13.8-10).

.

A lista dos Charismata no Novo Testamento (Rm 12.6-8; 1Co 12.4-11, 28,30; Ef 4.7-12)são claramente incompletas. Várias classificações dos dons têm sido tentadas, mas os dons se dividem mais simplesmente em duas categorias - aqueles que qualificam os seus possuidores para o ministério da palavra e aqueles que os equipam para o serviço prático. Vejamos:

.

Dons da palavra

.

Apóstolo (em grego, apóstolos, literalmente, “enviado”, missionário. 1 Co 12.28; Ef 4.11) O título de “apóstolo” foi originalmente privilégio exclusivo dos doze (Mt 10.2; Lc 6.13; At 1.25). Mas foi posteriormente assumido por Paulo (Rm 1.1; 1 Co 9.1), e aplicado em sentido menos restrito a Barnabé (At 14.4,14), Andronico e Júnias (Rm 16.7), e possivelmente a Apolo (1 Co 4.6,9), Silvano e Timóteo ( 1 Ts 1.1; 2.6) e Tiago, irmão do Senhor (1 Co 15.7; Gl 1.19). A função especial de um apóstolo era, conforme o seu significado deixa subtendido, proclamar o evangelho a um mundo incrédulo(Gl 3.7-9).

.

Profecia (em grego, propheteia, Rm 12.6; 1 Co 12.10,28,29; Ef 4.11). A principal função da profecia no Novo Testamento era transmitir as revelações divinas de significação temporária que proclamavam à igreja o que a mesma necessitava saber e fazer em circunstâncias especiais. Sua mensagem era de edificação, exortação e consolação (1 Co 14.3; Rm 12.8), incluía declarações autoritativas ocasionais sobre a vontade de Deus quanto a casos particulares (At 13.1), e raras predições de acontecimentos futuros (At 11.28; 21.10). Seu ministério visava primariamente a igreja (1Co 14.4,22). Alguns profetas eram itinerantes (At 11.27), mas provavelmente haviam diversos ligados a igrejas locais (At 13.1), como em Corinto, e alguns deles são chamados pelo nome (At 11.28; 15.32; 21.9).

.

O dom de “discernimento de espíritos” (em grego diakrisis pneumaton, 1Co 12.10; 14.29) era complementar do de profecia, permitia aos ouvintes aquilatar a reivindicação de inspiração profética(1Co 14.29), pra comprovar com exatidão quais afirmações era de origem divina(1 Ts 5.20; 1Jo 4.1-6) e para distinguir o profeta genuíno do falso.

.

Ensino (em grego, didaskalia, Rm12.7; 1Co 12.28; Ef 4.11).Em contraste com o profeta, o mestre não proferia revelações novas, mas expunha e aplicava a doutrina cristã confirmada, e seu ministério provavelmente se confinava à congregação local(At 13.1; Ef 4.11). A “palavra de conhecimento”( em grego, logos gnoseos, 1Co 12.8), implicava em pesquisa e apreciação intelectual e se relacionava com o ensino; mas a “palavra de sabedoria” ( em grego, logos sophias, 1 Co 12.8) que expressa discernimento espiritual, pode ser ligada antes com os apóstolos ou com os profetas.

.

Variedades de línguas (em grego, gene glosson, 1 Co 12.10-28) e a interpretação de línguas( em grego, hermeneia glosson, 1Co 12.10-30), pode ser entendido com uma inspiração para falar e entender idiomas jamais aprendidos.

.

Dons para o serviço prático

.

Dons de poder

.

( em grego, pistis, 1 Co 12.9) não é a fé salvadora, mas uma medida mais elevada da fé mediante a qual feitos especiais e maravilhosos são realizados(MT 17.19; 1Co 13.2; Hb 11.33-40).

.

Dons de cura (no grego, charismata iamaton, 1Co 12.9,28,30) foram dados para a realização de milagres de restauração à saúde(At 3.6; 5.15; 8.7; 19.12).

.

Operação de milagres (no grego, energemata dynameon, 1Co 12.10,28), literalmente “de poderes”. Esse dom conferia a habilidade de realizar outros milagres de várias espécies (At 9.36 ;13.11; 20.9)

.

Dons de simpatia

.

Auxílios (em grego, antilepseis, 1 Co. 12.28) denota o socorro prestado aos fracos por parte dos fortes (ver a Septuaginta em Sl 22.19; 89.19, o verbo ocorre em Atos 20.35), e se refere aos dons especiais de cuidado pelos enfermos e necessitados.

.

O liberal doador de esmolas (em grego, ho metadidous, Rm 12.8) e 3.Aquele que realiza obras de misericórdia( em grego, ho eleon).4. Ministério (em grego, diakonia Rm 12.7) O diácono está aqui em foco.

.

Dons de administrações

.

Governos (em grego, kyberneseis, 1 Co 12.28) são os dons e a autoridade para governar possuídos pelos anciãos líderes(1Tm 5.17).

.

O homem que governa (em grego, ho proistamenos, Rm 12.8) compartilha do mesmo dom e ofício (a palavra grega é repetida em 1 Ts 5.12; 1Tm 5.17)



por Adriano Carvalho

do Rio de Janeiro para o INPR Brasil






Ler Mais

A inspiração das Escrituras: o predomínio da Ortodoxia?










Nos últimos 200 anos a ortodoxia cristã tem estado em combate ininterruptamente, sem dar tréguas um instante se quer a um grupo emergente de pensadores e teólogos que sustentam uma opinião contrária àquela que a igreja cristã sustenta por quase 18 séculos. Nosso foco aqui é apresentar essas opiniões contrárias, e como a ortodoxia continuou afirmando inequivocadamente sua opinião a respeito da inspiração das Sagradas Escrituras.

.

Ao longo dos 18 séculos a ortodoxia, como já foi dito acima, vem afirmando que a Bíblia é a Palavra de Deus inspirada verbalmente, isto é, o registro foi inspirado por Deus. Embora haja entre os ortodoxos uma pequena divergência com respeito a qual foi de fato o papel do escritor no registro bíblico. Seja qual for a opinião a que chegarão, não porá em risco a afirmação entre eles sobre a inspiração. Embora estejam divididos em duas alas, quanto ao papel do escritor no registro bíblico, são unânimes na afirmação da inspiração da Bíblia. Uma ala da ortodoxia tem sustentado que a função do escritor bíblico era apenas de registrar o que Deus lhes havia ditado, palavra por palavra. Essa teoria é conhecida como “ditado verbal”. Uma outra ala por sua vez, sustenta que os escritores bíblicos tiveram seus pensamentos inspirados e os revestiram com suas próprias palavras. Essa teoria é conhecida por “inspiração conceitual”.

.

Agora iremos apresentar as opiniões que ignoram que a Bíblia seja a Palavra de Deus, ou melhor, que o registro bíblico seja plenamente inspirado.

.

Os neo-ortodoxos

.

No início do século XX, a reviravolta nos acontecimentos mundiais e a influência do pai dinamarquês do existencialismo, Soren Kierkegaard, deram origem a uma nova reforma na teologia europeia. Muitos estudiosos começaram a voltar-se de novo para as Escrituras, a fim de ouvir nelas a voz de Deus. Sem abrir mão de suas opiniões críticas a respeito da Bíblia, começaram a levar a Bíblia a sério por ser a fonte da revelação de Deus aos homens. Criando um novo tipo de ortodoxia, afirmavam que Deus fala aos homens mediante a Bíblia; as Escrituras tornam-se a Palavra de Deus num encontro pessoal entre Deus e o homem.

.

À semelhança das outras teorias a respeito da inspiração da Bíblia, a neo-ortodoxia desenvolveu duas correntes, as quais são: Visão demitizante e a Visão do encontro pessoal.

.

Na extremidade mais importante estavam os demitizadores, que negam todo e qualquer conteúdo religioso importante, factual ou histórico nas páginas da Bíblia, e crêem apenas na preocupação religiosa existencial sobre a qual medram os mitos. Na outra extremidade, os pensadores de tendência mais evangélica tentam preservar a maior parte dos dados factuais e históricos das Escrituras, mas sustentam que a Bíblia de modo algum é revelação de Deus. Antes, Deus se revela na Bíblia nos encontros pessoais; não, porém, de maneira proposicional.

.

Visão demitizante: Rudolf Bultmann e Shubert Ogden são representantes característicos da visão demitizante. Ambos diferem entre si, uma vez que Ogden não vê nenhum cerne histórico que dê consistência aos mitos da Bíblia, embora Bultmann consiga enxergar isso. Ambos concordam que a Bíblia foi escrita em linguagem mitológica, a da época de seus autores, época já passada e obsoleta.

.

A tarefa do cristão moderno é demitizar a Bíblia, ou seja, despi-la de seus trajes lendários, mitológicos, e descobrir o conhecimento existencial a ela subjacente. Afirma Bultmann que, a partir do momento que a Bíblia é despida desses mitos religiosos, a pessoa encontra a verdadeira mensagem do amor sacrificial de Deus em Cristo. Não é necessário que a pessoa se prenda a uma revelação objetiva, histórica e proposicional, a fim de experimentar essa verdade pessoal e subjetiva. Daí decorre que a Bíblia torna-se a revelação de Deus aos homens, mediante uma interpretação adequada (i.e., demitizada), quando a pessoa depara com o amor absoluto, exposto no mito do amor altruísta de Deus em Cristo. Por isso, a Bíblia em si mesma não é revelação alguma; é apenas uma expressão primitiva, mitológica, mediante a qual Deus se revela pessoalmente, desde que demitizado da maneira correta.

.

Encontro pessoal: A outra corrente da neo-ortodoxia, representada por Karl Barth e Emil Brunner, nutre uma visão mais ortodoxa das Escrituras. Barth reconhece que existem algumas imperfeições no registro escrito (até mesmo nos autógrafos) e, no entanto, afirma que a Bíblia é a fonte da revelação de Deus. Afirma ele que Deus nos fala mediante a Bíblia que ela é o veículo de sua revelação. Assim como um cão ouve a voz de seu dono, gravada de modo imperfeito na gravação de uma fita ou disco, assim também o cristão pode ouvir a voz de Deus que ressoa nas Escrituras.

.

Afirma Brunner que a revelação de Deus não é proposicional (i.e., feita por meio de palavras). Assim, a Bíblia, como se nos apresenta deixa de ser uma revelação de Deus, passando a ser mero registro da revelação pessoal de Deus aos homens de Deus em eras passadas. Todavia, sempre que o homem moderno se encontra com Deus, mediante as Escrituras Sagradas, a Bíblia torna-se a Palavra de Deus para nós. Em contraposição à visão ortodoxa, para os teólogos neo-ortodoxos a Bíblia não seria um registro inspirado. Antes, é um registro imperfeito, que apesar dessa mesma imperfeição, constitui o testemunho singular da revelação de Deus. Quando Deus surge no registro escrito, de maneira pessoal, a fim de falar ao leitor, a Bíblia nesse momento torna-se a Palavra de Deus para esse leitor.

.

A neo-ortodoxia peca ao ignorar o propósito precípuo pelo qual a bíblia foi escrita, qual seja, revelar o plano redentivo de Deus. Está claro a qualquer leitor atento das Escrituras que o registro bíblico tem por finalidade, falar da tragédia humana originada a partir da desobediência de Adão e Eva à palavra de Deus. O que se segue após o registro do livro de Gênesis é apenas as várias maneiras de apresentação de tal tragicidade, e como a graça divina procurou dialogar com o homem caído.

.

Se o que a Bíblia diz sobre o homem e os fatos ali registrados não é perfeito, segue- se que a descrição sobre Deus também o seja, logo, nenhum encontro transformador ou revelacional pode surgir do encontro do homem com Deus a partir da leitura de um texto imperfeito, como afirmam os neo-ortodoxos. Até mesmo a figura de Deus é colocada em xeque, uma vez que tudo o que sabemos sobre Deus é fruto do que sobre Ele lemos na Bíblia. O conceito neo-ortodoxo, não coloca apenas em xeque o registro bíblico, Deus também aqui é colocado em xeque. Se a palavra de Deus na Bíblia é imperfeita, segue-se que o Deus da bíblia também o seja, como já afirmamos.

.

Se perdermos o sentido da inspiração do texto e buscarmos um outro sentido fomentado na experiência subjetiva do indivíduo, com certeza produziremos, aí sim, uma opinião imperfeita da bíblia. O registro bíblico não pode depender do resultado que provoca na experiência subjetiva do indivíduo para poder ser reconhecido como palavra de Deus. A Bíblia é palavra de Deus exatamente porque afirma o contrário, isto é, que à parte daquela experiência produzida pelo Espírito Santo iluminando a mente e o coração do homem e dirigindo-o para a verdade, nenhuma, nenhuma mesmo, experiência subjetiva tem sua validade atestada como critério para a verdade, principalmente em razão do que, o próprio texto bíblico diz sobre o homem: “Ele é um morto espiritual”, e como tal, toda a sua aparelhagem crítica como critério para estabelecer verdades espirituais é falha.

.

Por último, precisamos entender que a inspiração da Bíblia está no texto e não nos autores. É o texto que é inspirado.

.

Isso deixa claro que seja qual for o assunto apresentado pela Bíblia, ela só dirá o que é verdadeiro sobre o mesmo. E isso é verdade, mesmo quando a Bíblia fala sobre assuntos históricos ou científicos. Pois inspiração pressupõe inerrância, nada do que a Bíblia ensina contém erro, visto que a inerrância é a consequência lógica da inspiração divina. Afirmar como alguns que só o que a Bíblia fala sobre doutrina e coisas espirituais é verdade, é simplesmente ignorar que muitas doutrinas estão baseadas em registros históricos encontrados na bíblia, imagine caro leitor, o que seria de nós, se o registro histórico da morte e da ressurreição de Jesus não puder ser aceito como uma verdade inerrante. O que sobraria ao cristianismo, nada, nada, nada mesmo, como disse Paulo, nossa fé seria vã. E mais, se a bíblia não está perfeitamente certa quando fala de assuntos históricos e científicos, o que me garante que ela está certa quando fala de assuntos espirituais. Prefiro descansar minha mente e meu coração no testemunho interno das Escrituras que afirma inequivocamente que a bíblia é a palavra de Deus.



por Adriano Carvalho

do Rio de Janeiro para o INPR Brasil






Ler Mais

A providência de Deus










É provável que não exista um tema sobre a doutrina de Deus que gere tanto conflito como a doutrina cristã da providência. A providência significa que Deus não abandona o mundo que criou. O Deus da bíblia segue administrando com seu cuidado e eterno conselho tudo o que ocorre no mundo e fora dele. A mitologia grega concebia seus deuses como figuras frias que não se preocupavam com a realidade da vida dos homens aqui na terra. Lembremos do caso de Prometeu que teve que roubar o fogo dos deuses para dar aos homens para que esses não morressem de frio. Prometeu pagou um preço caríssimo por essa atitude filântropa. Zeus o acorrentou em alto monte, e todos os dias enviava uma águia para devorar seu fígado. A cada manhã o fígado de Prometeu se regenerava para novamente tornar a ser devorado pela águia de Zeus. Este episódio mostra como Zeus o chefe do panteão dos deuses gregos puniu uma boa ação feita à humanidade.

.

Alguns creem que Deus, embora tenha criado o mundo, não intervém nos assuntos terrenos. Afirmam que assumir a providência de Deus como uma ação atual e real no mundo seria simplesmente ignorar o livre arbítrio e a responsabilidade do homem no mundo. O que não é verdade, como veremos mais à frente. Essas mesmas pessoas crêem ainda que não seja possível o milagre, que as orações não são respondidas e que a maioria das coisas sucede de acordo com o funcionamento de leis impessoais e imodificáveis.

.

Outras pessoas veem na condição atual do mundo e da humanidade um empecilho para a doutrina cristã da providência de Deus. Como pode ser a maldade compatível com o conceito de um Deus que é bom e governa ativamente o mundo? Um mundo onde abundam os desastres naturais: terremotos, inundações e hecatombes. Desastres que formalmente se conhecem como “atos de Deus”. Devemos culpar a Deus porque ocorrem? Não seria mais conveniente pensar que Ele simplesmente tem desejado que o mundo siga o seu próprio curso? Embora à primeira vista esse tipo de argumentação pareça ser sensato, na verdade não tem coerência bíblica e não corresponde à verdade.

Não poderemos avançar satisfatoriamente na exposição do referido tema se não considerarmos o tríplice aspecto que envolve o mesmo, qual seja: O governo de Deus sobre as pessoas, o governo de Deus sobre a natureza e o fluxo da história.

.

O governo de Deus sobre as pessoas

.

O ponto que mais nos interessa, não é o governo de Deus sobre a natureza ou sobre os anjos. Mas sim como opera a providência de Deus em nós seres humanos, e especialmente quando decidimos desobedecê-lo. Deus estabeleceu quais coisas deveria o homem fazer. O não cumprimento desta ordem acarretaria prejuízos e danos aos homens. Deus estabeleceu leis que governam a desobediência e o pecado, da mesma forma que tem estabelecido leis que governam o mundo físico. Quando as pessoas pecam, em geral crêem que o fazem segundo seus termos. Mas Deus diz, com efeito: “Quando desobedecem, farão segundo minhas leis e não às suas próprias”.

.

Em Romanos 1.22-23 temos um quadro muito vívido do que acabamos de descrever. Três vezes nos versículos seguintes lemos que por causa de sua rebelião “Deus os entregou”. Essas palavras são terríveis. Porém quando nos diz que Deus os entregou não nos diz que Deus os entregou a nada, como se simplesmente os houvesse soltado de sua mão e os houvesse deixado à deriva. Em cada um dos casos nos diz que Deus os entregou a algo: Primeiro Ele os entregou, “à imundícia, às concupiscências de seus corações, de modo que desonram entre si seus corpos” (vs.24); Segundo, Ele os entregou, “a paixões vergonhosas” (vs.26); Terceiro Ele os entregou, “a uma mente reprovada, para fazer coisas que não convém” (vs.28). Em outras palavras, Deus permitirá que os infiéis sigam o seu próprio caminho, porém em sua sabedoria tem determinado onde eles podem ir segundo suas regras e não a deles.

.

O governo de Deus sobre a natureza

.

Uma das grandes interrogações da ciência é o fato da natureza operar segundo determinados padrões ao mesmo tempo em que está em contínua mudança. Nada é nunca o mesmo. Os rios correm as montanhas se elevam, as flores brotam, murcham e morrem, o mar está em constante movimento. Porém, em certo sentido tudo permanece igual. A experiência da natureza de uma geração é similar à experiência de mil gerações que tem precedido.

.

A ciência busca explicar esta uniformidade fazendo referência às leis de probabilidade ou às leis do movimento browniano. Porém estas explicações são insuficientes. Por exemplo, de acordo com essas mesmas leis da probabilidade é bastante possível que em determinado instante as moléculas de um gás ou um sólido se movam na mesma direção em lugar de mover-se em qualquer direção por azar; nesse caso, essa substância não seria o que é e as leis da ciência com respeito a elas não seriam operantes. De onde é possível que provenha esta uniformidade se não provem de Deus? A bíblia afirma que tal uniformidade provem de Deus quando nos fala de Cristo como “quem sustenta todas as coisas com a palavra de seu poder (leia Hebreus 1.3) e nos diz que “todas as coisas Nele subsistem”(leia Cl 1.17). Devemos entender que é a providência de Deus que comanda o mundo tal como conhecemos.

.

O fluxo da História

.

Existe algo mais que precisamos saber sobre a providência de Deus. Ela tem um propósito, está orientada para um fim. A história real existe como tal. O fluxo dos acontecimentos humanos está indo a algum lugar; não é meramente estático ou sem significado. No caso de Jonas, o fluxo da história o conduziu eventualmente, ao trabalho missionário e à conversão do povo de Nínive. Se tomarmos um panorama mais amplo, a história flui para a glorificação de Deus em todos os seus atributos, principalmente na pessoa de seu filho, o Senhor Jesus Cristo.

.

A providência não exclui a responsabilidade do homem. Existe um Deus cuidadoso isso é verdade, mas esse mesmo Deus exige do homem responsabilidade em suas ações. E se há algo que Deus não faz mesmo, e isso está claro na bíblia, é fazer aquilo que só ao homem cabe fazer. O Deus da bíblia exige que o homem seja responsável, e é baseada na resposta que o homem dá a essa exigência, que se desenrola sua relação com o criador.

.

Não se deve confundir providência de Deus com o acaso (destino) ou com a sorte

.

Na linguagem pagã destino ou sorte são termos usados para descrever eventos que fogem à ordem natural das coisas e não podem ser previstos. Alguns até mesmo sugerem que determinados fatos são ignorados pelo próprio Deus. Ou seja, Deus não sabe o futuro, logo não pode intervir nele (Teologia relacional). Assim o homem se torna refém do acaso ou da sorte. É claro que tal ensino não tem base bíblica. Pois a bíblia ensina a providência que é uma ação consciente de Deus na história e na vida dos homens, como acabamos de aprender nesse pequeno texto.

.


por Adriano Carvalho

do Rio de Janeiro para o INPR Brasil






Ler Mais

O que os teólogos liberais pensam a respeito de Jesus e dos apóstolos









Nenhum movimento se verifica tão danoso e virulento para a igreja de Cristo quanto o movimento iniciado no final do século XVII com o alemão Friedrich Schleiermacher e popularmente conhecido como liberalismo teológico. Schleiermacher negou veementemente a historicidade dos milagres de Cristo, contestou todas as doutrinas da bíblia. Para ele, o que valia mesmo era o sentimento humano: se a pessoa “sentia” a comunhão com Deus, ela estaria salva, mesmo sem crer no evangelho de Cristo.

.

Cinco decênios depois seguindo a mesma linha de Schleiermacher, Albrecht Ritschl questiona a autoridade bíblica e defende a experiência pessoal acima da revelação escrita. Ritschl pregava que Jesus só era considerado filho de Deus porque muitos assim o criam, mas na verdade era apenas um grande gênio religioso. Negou assim sistematicamente a satisfação de Cristo pelos pecados da humanidade, pregava que a entrada no Reino de Deus se dava pela prática da caridade e da comunhão entre as pessoas, não pela fé em Cristo.

.

Não devendo nada às declarações liberais de Schleiermacher e Ritsch, Ernst Troeschl afirmava que o cristianismo era apenas mais uma religião entre tantas outras, e Deus se revelava em todas, defendia também a salvação de não-cristãos, por essa alegada “revelação de Deus” em outras religiões. Infelizmente mais uma vez houve colisão entre a razão e a revelação, os liberais alvoroçados com as grandes conquistas empreendidas pelo saber humano acharam por bem dar à ciência a capacidade única e indiscutível de expressar opiniões e mesmo validar a autoridade do texto bíblico. A revelação neste caso deve dar lugar às pesquisas científicas e enquadrar-se na moldura do pensamento do homem moderno, o milagre, característica vital da bíblia neste contexto, não expressa nem comunica nada da sua autoridade, pelo contrário, é o grifo indiscreto e fanatizado dos autores bíblicos. E mesmo Jesus não é ninguém além de um bondoso homem cuja retidão de caráter deve ser imitada. Mas essa é a opinião de alguns liberais que conseguem ver algo “aproveitável” na figura cristã de Jesus.

.

Pois há uma ala liberal que não enxerga nada proveitoso no cristianismo e nem mesmo na figura de Jesus. Morton Smith, por exemplo, apresentava Jesus como um mago que influenciava seus seguidores através de ilusões e de hipnose. John Allegro por sua vez afirmava que Jesus nunca foi um personagem histórico, mas um nome codificado para aludir ao uso de uma droga alucinógena. E não pára por aí, a escola denominada “Religions-geschichtliche Schule” afirmava que os escritores dos evangelhos deram poderes divinos a Jesus porque estavam debaixo da influência de lendas pagãs acerca de “homens divinos” com poderes para fazer milagres. Por fim H.S. Reimarus professor de hebraico e línguas orientais em Hamburgo Alemanha via Jesus como um judeu fanático que não pode estabelecer seu reino messiânico.

.

Reimarus dizia ainda que os discípulos de Jesus haviam roubado seu corpo e fabricado a sua ressurreição. Os liberais não vêem a bíblia como produto de uma revelação histórica e progressiva de Deus à humanidade, para eles como dizia Bultmann ela não passa de um livro repleto de mitos e lendas pagãs e o que se pode aproveitar de sua leitura é apenas a práxis ética de Jesus e nada mais. Que possamos rechaçar de nosso meio os propagandistas desta corrente herética, sob pena de, se não o fizermos, incorrermos na cena lúgubre de um cristianismo inventado, sem esperança, sem futuro.



por Adriano Carvalho

do Rio de Janeiro para o INPR Brasil





Ler Mais

O Evangelho de Marcos e o significado de seguir a Jesus









Em uma época de muito nominalismo cristão, mas pouca evidência de vida com Cristo, o evangelista Marcos coloca diante de nós o verdadeiro significado do que é seguir a Jesus. Significado, aliás, que contrasta radicalmente com muito do que se tem ensinado em algumas igrejas hoje, a respeito de ser cristão e seguir a Cristo.

.

O evangelho de Marcos não é tão somente a narração sobre a vida de Jesus, é também uma descrição a respeito do papel importante que exerceu os discípulos de Cristo. Ainda que sua linha principal fosse a cristológica. Como um tema secundário, ele faz um análise do que significa seguir a Cristo. Ele explora o tema através do retrato dos primeiros discípulos de Jesus, vendo suas façanhas e seus fracassos, a experiência de estar com Jesus, e sobre todo o ensino que lhes deu. Marcos presta uma especial atenção ao tema do discipulado. Um dos objetivos principais de Marcos era reprovar a idéia errônea sobre a natureza do Messias, outro de igual importância foi instruir os seus leitores sobre o que verdadeiramente implicava uma profissão de fé.

.

Se a natureza do Messias leva consigo a reprovação e o sofrimento, não tanto a popularidade e o triunfo, então os seus seguidores devem esperar o mesmo (8.32-34; 13.9-13). O tema do sofrimento por causa de Jesus sugere que Marcos estava escrevendo a uma igreja que já havia experimentado a perseguição por ser seguidora do filho de Deus. Assim ele ensina que a teologia crusis do mestre também se aplica aos seus discípulos. Não há lugar para o triunfalismo privilegiado. Marcos se opõe há um cristianismo de “pedestal” que está demasiadamente no “alto” para tomar parte da missão cristã, que segundo ele, significa sacrifício e cruz.

.

A narração de Marcos nos conta que os discípulos de Jesus custaram para entender isso. De fato eles só haviam entendido a missão de Jesus de forma superficial e um tanto errônea. Eles pensavam como alguns também hoje pensam que seguir a Cristo proporciona alguns “privilégios”. Entretanto, seguir a Jesus significa um processo de reorientação e abandono dos valores da sociedade humana que se baseiam no “EU”, a favor de uma “ECONOMIA DIVINA” em que “MUITOS PRIMEIROS SERÃO OS ÚLTIMOS, E OS ÚLTIMOS SERÃO OS PRIMEIROS” (10.31).

.

Embora o discipulado em algum sentido significasse algum privilegio como está claro em passagens como: 4.10-12, 33-34; 10.30. Ser discípulo de Jesus sempre significou uma renúncia dramática, uma ética de morte, ou nas palavras de Cristo: “leva a cruz”.




por Adriano Carvalho
do Rio de Janeiro para o INPR Brasil





Ler Mais
 
INPR Brasil | by TNB ©2010